terça-feira, 20 de dezembro de 2011


 VEM NOVIDADE POR AÍ
Com o encerramento do ciclo do regime autoritário do Estado Novo em 1945, (que exercia rígido controle sobre a produção cultural do país, em áreas como teatro, literatura, música e outras,) inicia-se uma nova fase para a cultura brasileira, tendo como ponto de partida o Rio de Janeiro, notadamente com um perfil de música popular mais criativa e com novo clima político, como o samba canção, caracterizado por um discurso padronizado que revelava as desventuras do amor, sentimentos íntimos tal qual autopunição e desejo de morte e relações com a mulher amada. Cantores como Nelson Gonçalves, Jamelão, Cauby Peixoto destacam-se nesse ritmo.


Em 1955 inicia-se o governo de Juscelino Kubitschek e o país passa anos mais adiante por um desenvolvimento econômico, com a propagação dos veículos de comunicação de massa, como a televisão. É nesse clima que a partir de 1958, a inovação rítmica intitulada de bossa nova, com novo modo de “cantar falando”, samba moderno, revolucionário e intelectualizado entra em cena tendo como precursores Antonio Carlos Jobim, o então ex-diplomata Vinícius de Morais, João Gilberto, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Silvia Teles e Johnny Alf.  




“Se você insiste em classificar
Meu comportamento de antimusical,
Eu, mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa nova, que isto é muito 
natural...” (CALDAS, 1989, p.4
Ressalta-se que o primeiro disco gravado da bossa nova foi Chega de Saudade (1958), de João Gilberto; a música mais expressiva foi o samba Desafinado, com melodia de Antonio Carlos Jobim e letra de Newton Mendonça, cujo trecho a seguir incide em um “comportamento antimusical” de acordo com a época:

 Inicialmente a bossa nova possui uma linguagem poético-musical de cunho jazzístico, confeccionada com elementos originados da vida urbana, demonstrando uma poesia cheia de humor, ironia, outrora melancólica, afetiva e intimista. Nas músicas Garota de Ipanema (Vinicius de Moraes),  O barquinho, Lobo bobo (Carlos Lyra),  e Corcovado, percebe-se esse tipo de linguagem.

Posteriormente surge a linguagem poética- política ou “participante”, enfatizando as questões relativas ao subdesenvolvimento no Brasil, tais quais: exploração do trabalho reforma agrária, desemprego, a miséria do nordeste e de outras regiões do país. São canções de protesto com músicas de João do Vale, dos irmãos Marcos e Paulo Sergio Vale; igualmente os shows Opinião, Liberdade, Liberdade e Arena conta Zumbi (produzido por Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo). 


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