terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Antes da Bossa (curiosidade)



 Breve histórico dos antecedentes da música no Brasil

  
As atividades artística musical brasileiras durante a passagem para o século XX significavam simples transplantações de modelos europeus na medida em que o som foi sempre considerado elemento de edificação religiosa e, também, aqui, nasceu misturado com a religião.


Saindo da fase da música sacra, o segundo momento liga-se à consolidação dos poemas sinfônicos, óperas, modinha. Os compositores eram obrigados a importar e aceitar as concepções estéticas vigentes na Alemanha, Itália e França, devido à inexistência de características definidoras da raça brasileira.


Mas, com o passar do tempo e as transformações ideológicas, surgiram as concepções nacionalistas incorporadas pelos modernistas (Camargo Guarnieri, Villa Lobos) durante a década de 40 que objetivava penetrar no inconsciente coletivo- “povo brasileiro”- para criar e elaborar obras inter-relacionadas ao caráter específico da “raça brasileira”, fundamentando-se em especial, na pesquisa da folcmúsica. 

Da mesma forma que Pedro Álvares Cabral não foi o primeiro navegador a aportar nas costas brasileiras, outras bússolas musicais sintonizaram com as inovações que seriam regulamentadas pela bossa nova antes mesmo de se estabelecer o rótulo que mais tarde ganharia consumo internacional.

A Radamés Gnatelli já se devia, desde 1939 a orquestração modernista (com batida de tamborins incorporada aos metais sonantes da abertura de Aquarela do Brasil, o mais planetário dos sambas já escrito por Ari Barroso.

Radamés Gnatelli um maestro e compositor erudito com ativa militância nas hostes populistas da Rádio Nacional  do Rio – vestiu de cordas o samba Copacabana, da dupla João de Barro (o Braguinha) e Alberto Ribeiro, para a voz de Dick Farney.

Durante toda a década de 50, (a dos baby boomers) assim chamada geração do pós guerra, a música brasileira gestava uma resposta à maciça intromissão da música americana em nossa mídia na década anterior. A bossa nova era uma fusão do samba com o jazz – o que lhe abria maior espaço para improvisos instrumentais e desenvolvimento harmônico – e com a roupagem erudita, o que lhe permitiria novos revestimentos melódicos.

As origens do movimento são tão permeáveis quanto seus criadores. Não faltaram precursores, adeptos da harmonização alterada dissonante que caracterizava a bossa, como os violonistas Garoto e Valsinho, o pianista Vadico, o compositor Dorival Caymmi, o pianista de sotaque caribenho João Donato.

A bossa nasceu integracionista, em sincronicidade com o cinema novo de Nelson Pereira dos Santos (Rio zona norte, Rio 40 graus), Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Paulo Cesar Sarraceni e mais adiante, Glauber Rocha.  Este movimento cultural de sinultaneidades ativadas operava dentro das propostas desenvolvimentistas do governo de Juscelino Kubitschek (1955-60), breve hiato de plenitude democrática espremido entre ditaduras, renúncias e golpes de estado.

Há quem aponte o berço da bossa fora do Brasil, nas experiências de fusão do violonista Laurindo de Almeida com a sax Buddy Shank no LP Brasiliance, de 1952. O baixista do grupo Harry Barbasin teria preferido “combinar Jazz ao baião”, facilitado pela proximidade do compasso binário, “usando um tambor de conga com escova”.


O período de incubação da bossa nova inclui, finalmente, as reuniões intimistas nos apartamentos amigos da Zona Sul do Rio de Janeiro- do pianista Bené Nunes ao da musa Nara Leão – onde estavam todos buscando uma nova forma musical que ainda era cantada bem baixinho. O apartamento dos pais de Nara na Avenida Atlântica transformou-se em sede dos primeiros encontros da bossa. 


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